3.9.09

Em sua palestra hoje sobre Arte, Arquitetura e Cultura no Brasil, Renato Anelli fez colocações extremamente interessantes.

Discutiu o papel do desenho industrial, especialmente no período pós-guerra, nos anos 50, quando esse deixou de ser visto como simples fruto de uma produção em série e passou a ser interpretado como um desenho especial produzido por um artista.

Exemplificando essa afirmação, Renato Anelli colocou a Bardi`s bowl, desenhada por Lina Bo Bardi em 1951.
Mostrou a partir da imagem a “glamourização” do objeto, e o binômio que se deu a partir desse momento entre o objeto especial produzido pelo artista, ou seja, o desenho por si só, e a inserção da questão da propaganda e marketing que essa “glamourização” sugeria.


Barry Bergdoll é professor de Historia da Arquitetura do Departamento de Historia da Arte e Arqueologia da Universidade de Columbia, e curador da área de Arquitetura e Design do MoMA de Nova York. Com a, um tanto ingrata, tarefa de driblar o cansaço dos participantes e realizar sua conferencia na 12a hora de atividades diária, ele conseguiu trazendo o tema ainda pouco discutido do desenvolvimento e aumento da popularidade das exposiçoes de arquitetura e uma série de imagens raras do arquivo do MoMA.

(Uma pena que o auditorio ja estivesse meio vazio...)


+ info e exposições de arquitetura e design online em
http://www.moma.org/explore/collection/architecture_design

+ info sobre o projeto home delivery citado por Bergdoll ontem na palestra
http://www.momahomedelivery.org/

Mario Schjetnan



Schjetnan nasceu na Cidade do Mexico e estudou Arquitetura na Universidade Nacional do México, UNAM (1968).

Realizou seu mestrado em landscape architecture na Universidade da Califórnia, Berkeley, em 1970 com ênfase em desenho urbano. Em 1985 ele foi nomeado Loeb Fellow in Advanced Environmental Studies, pela GSD da Universidade de Harvard.
Schjetnan é fundador, junto a José Luis Pérez, do Grupo de Diseño Urbano (GDU), uma empresa estabelecida em 1977 na Cidade do Mexico que realiza projetos em Landscape Architecture, arquitetura e desenho urbano. O trabalho de Schjetnan foi reconhecido pela American Society of Landscape Architects em diversas ocasiões e seu trabalho publicado em diversos países.

+ info em
http://www.gdu.com.mx/
http://en.wikipedia.org/wiki/Mario_Schjetnan
Henry Meyric Hughes (1942) é curador independente, consultor e critico de arte. Ele é presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte, em Paris e presidente da Fundação Internacional Manifesta, em Amsterdam, que organiza a Bienal Européia de Arte Contemporânea (Rotterdam 1986, Luxemburgo 1998, Ljubljana 2000, Frankfurt 2002 e San Sebastian, 2004).
Henry Hughes, abriu ontem a primeira mesa redonda falando brevemente sobre o Congresso de 1959 e sua vigência atual. Situando a Associação Internacional de Críticos de Arte como promotora do espírito universalista moderno através de seus encontros anuais, comentou também o momento otimista que vivia o Brasil na ocasião do Congresso: caracterizado por esperança e expectativas e pela satisfação de poder constatar suas realizações e conquistas. Como complementou Konduru posteriormente, o Congresso da AICA de 1959 representou um momento de amadurecimento e coroamento de certas idéias artísticas e arquitetônicas presentes no Brasil desde a década de 1930, ou até mesmo antes. Konduru finalizou sua fala comparando o momento artístico brasileiro de 1959 a um céu ensolarado e deixando para a platéia a pergunta de quais seriam as razões, e conseqüentes soluções, para o nosso céu estar já ha algum tempo tão nublado.

"É de se perguntar se ainda considera-se arquitetura como arte."

Antes também elogiou o tema deste do.co.mo.mo., síntese das artes, por trazer a questão da cisão entre arte e arquitetura, tanto na prática quanto nos currículos universitários.

Ponto final (ou reticências)

. Teria sido interessante ouvir Galiano falar do papel das super magazines na construção desse olimpo dos starchitects que ele tanto criticou. A pesar do tom de brincadeira, não à toa a El croquis e a Arquitectura Viva aparecem no mapa europeu (mostrado por ele durante a palestra e definido pelos logos das grandes empresas de cada país) ao lado do Santander ou Telefônica... Se o poder e o prestigio dos arquitetos celebridade na sociedade é crescente, o das revistas de arquitetura como formadoras de opinião o é igualmente...

.Muito sedutora e estimulante a apresentação de Galiano, mas o esforço em dividir as praticas arquitetônicas entre louváveis, integras e inspiradoras versus vendidas, condenáveis e superficiais pode ter simplificado demasiado a questão, o buraco parece ser mais embaixo, o cenário mais complexo, enfim...



A expressao happy victims (do consumo) utilizada por Galianona na palestra de Terca Feira, remete a mostra jovem de arte contemporanea de Barcelona (BAC 08) e suas impactantes imagens de divulgacao, com a mesma tematica

aspas

“We learn history not in order to know how to behave or how to succeed, but to know who we are.”

Kolakowski
Beatriz Colomina estudou arquitetura na ETSAB de Barcelona, onde posteriormente deu aulas. Também já foi também professora do MIT e da Universidade de Columbia. Desde 1988 é professora da área de Historia e Teoria da Arquitetura da Universidade de Princeton, onde atualmente é diretora do programa de doutorado em arquitetura e do programa Media and Modernity.

É reconhecida internacionalmente por seus muitos e premiados livros sobre teoria e historia da arquitetura, mais especificamente sobre questões que envolvem arquitetura e mídia. Entre seus livros publicados estão:
Privacy and Publicity: Modern Architecture as Mass Media (Cambridge: The MIT Press, 1994)
Sexuality and Space (New York: Princeton Architectural Press, 1992)
Achitectureproduction (New York: Princeton Architectural Press, 1988)
Suas publicações mais recentes são:
Doble exposición: Arquitectura a través del arte (Double Exposure: Architecture through Art) (Madrid: Akal, 2006)
Domesticity at War (Barcelona: ACTAR and MIT Press, 2007).

Teve artigos publicados em numerosos livros, catálogos e revistas de arquitetura, incluindo : AAFiles, Domus, Archis, 9H, Center, Werk, Bauen + Wohnen, Daidalos, Ottagono, Newsline, ANY, Exposé, Assemblage, Discourse, Insite, Transition, MAMA, Arquitectura Viva, Grey Room e El Croquis. Colomina fez parte também da equipe editorial de periódicos como Assemblage, Daidalos e Grey Room.

Em 2006-2007 Colomina foi organizadora da exposição “Clip/Stamp/Fold: The Radical Architecture of Little Magazines 196X-197X" no Storefront for Art and Architecture em Nova York, exposição que ainda esta itinerando pela Europa.

Durante o ano passado esteve em diversas cidades espanholas realizando seminários sobre a transformação crítica da relação entre espaço interior e exterior na arquitetura moderna como sintoma chave do surgimento da cultura de vigilância (VIGILANCIA. LA ARQUITECTURA EN LA ERA POST-SPUTNIK).

De acordo com o website de Princeton, ela atualmente trabalha em seu próximo projeto de pesquisa intitulado "X-Ray Architecture: Illness as Metaphor."

2.9.09

Galiano também criticou duramente a postura de certos arquitetos que se aproximaram do mundo da moda e das tendências efêmeras e se estabeleceram como celebridades, aspirando não mais ter sua imagem estampada em papel moeda, mas no papel couche das revistas de moda. Eisenmann cercado por uma horda de fotógrafos agitados em meio ao seu austero memorial do holocausto, um editorial de moda nas místicas termas de Zumthor, uma lingerie by CoopHimmelblau a venda em seu website. Onde estariam os limites para a digestão da arquitetura pela máquina do luxo e do glamour?
Ele preocupou-se em frisar que esse fenômeno de frivolizacão (chamemos assim) não afeta apenas a arquitetura, mas tambem a grandes personagens e instituições que põem em risco sua credibilidade em prol de um suposto aumento de popularidade: os figurantes vestidos a la Velazques no Museu do Prado, ou Gorbachev posando para a Louis Vuitton diante do muro de Berlim.
Em interessante observação durante sua palestra de ontem, Galiano chamou a atenção para a crescente influencia e popularidade dos starchitects em oposição a proliferação de construções medíocres como regra. Barry Bergdoll (palestrante de hoje!) em seu texto “At home in the museum”, publicado originalmente na Revista Log, afirma o mesmo ao dizer que:

“Arquitetura se tornou um espetáculo tão midiático, que isso nos cega para um fato que está sendo muito pouco discutido: que a arquitetura tem uma presença cada vez maior na mídia, mas que isso não representou um aumento proporcional na qualidade das construções de nossas cidades e subúrbios. O número preciso varia quanto à porcentagem de edifícios projetados por arquitetos construídos em um país, mas mesmo as visões mais otimistas mal conseguem chegar a casa dos dois dígitos, e esse é um numero que tem estado em lento declínio nas ultimas décadas. E entre esses edifícios a porcentagem que faz alguma diferença no avanço da arquitetura como arte, ciência, ou que traz algum beneficio ao bem estar social é ainda menor.”

1.9.09

1.09.09

17h às 18h Credenciamento/inscrição Momotur18h às 19h
19h às 20h30 Mesa de abertura
20h30 às 21h30 Palestra magistral

Luis Fernández-Galiano: “Arquitetura E Cidade Em Tempos De Crise”
Chairman: Roberto Segre


+ informaçoes http://www.klam.com.br/8docomomo_brasil/

Outro olhar







Ensaio fotográfico para a revista Noz #3 (www.revistanoz.com)
Por Luisa Fosco (http://www.flickr.com/photos/luisafosco)



Luis Fernàndez-Galiano


“ A arquitetura é, por definição, pública. Não pode ser entendida simplesmente em termos formais de cubos, cilindros, texturas e cores. Para mim, entender a arquitetura sem sua dimensão política é absurdo.”

Um dos mais influentes críticos contemporâneos, Luis Fernández-Galiano (1950) é arquiteto, professor de projeto da Escola de Arquitetura da Universidade Politécnica de Madri (ETSAM), editor da revista Arquitetura Viva desde sua primeira edição, há mais de vinte anos e colaborador habitual na imprensa escrita sobre arquitetura e urbanismo. Membro da Real Academia de Doutores ocupou a cátedra Cullinan na Universidad de Rice (California), foi pesquisador visitante no Centro Getty de Los Ángeles e professor visitante nas universidades de Harvard y Princeton, assim como no Instituto Berlage na Holanda. Fernández-Galiano também já dirigiu cursos nas universidades Complutense e Menéndez Pelayo. Expert e júri do premio europeu Mies van der Rohe de arquitetura, também fez parte do júri de diferentes prêmios e concursos nacionais e internacionais de arquitetura e foi presidente do júri internacional da IX Bienal de Arquitetura de Veneza. Fernández-Galiano foi curador da exposição ZaragozaKioto, Arquitecturas para un planeta sostenible, e da exposição Eurasia Extrema realizada no Japão por motivo da participação espanhola na Expo Aichi 2005.

TRECHO DE CONFERENCIA NO YOUTUBE
http://www.youtube.com/watch?v=-E4IJVVZ8AI